Saúde
Hospital de Canguçu deve passar por CPI
Gestor da casa de saúde foi afastado após o desaparecimento de R$ 100 mil, retirados em uma instituição bancária, mas nega desvio de recursos
Paulo Rossi -
Sete parlamentares da Câmara de Vereadores de Canguçu protocolaram, na manhã desta sexta-feira (26), um requerimento solicitando a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar eventuais irregularidades no Hospital de Caridade de Canguçu (HCC). O requerimento é assinado por sete vereadores de seis partidos. A motivação é o afastamento do gestor administrativo do HCC, Gabriel Andina. O valor de R$ 100 mil, pertencentes à instituição, teria desaparecido após ser retirado em um banco pelo gestor, que nega o desvio dos recursos e afirma que o desaparecimento do montante teria ocorrido nas dependências da casa de saúde.
Conforme o prefeito Vinicius Pegoraro (MDB), teriam sido identificadas "movimentações inadequadas" em uma apresentação de balanços financeiros para a administração municipal. A instituição está sob intervenção do município desde o dia 20 de dezembro de 2018.
O caso foi denunciado ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), que realizará uma investigação. Até mesmo as instituições bancárias foram notificadas para bloquear as contas do HCC até a apuração dos fatos. Informações dão conta de que o recurso teria sido armazenado num armário do gabinete do administrador.
Em um comunicado, a administração municipal informou à comunidade que encaminhou denúncia ao MP-RS, solicitando a averiguação das contas do hospital. Uma comissão de servidores da prefeitura foi montada para gerir a instituição, que mantém o atendimento normal.
Recentemente, o HCC firmou um novo contrato com a União, que aumentou os recursos. Nos últimos anos, a instituição chegou a atrasar meses de salário e 13º, e os funcionários chegaram a entrar em greve por falta de pagamentos e recursos. É estimado que o Hospital de Caridade tenha um passivo de dívidas em um valor aproximado de R$ 25 milhões.
O que diz o prefeito
Na semana passada, a informação das "movimentações financeiras em desacordo", como relata Vinicius, chegou ao seu secretário da Fazenda. Ao ser questionado, Andina teria respondido ao prefeito que realizou o saque para evitar bloqueios judiciais e o recurso, de R$ 100 mil, seria destinado ao pagamento do 13º salário de funcionários.
"Na quinta-feira a gente esteve no hospital para fazer uma reunião. Entre eu, o Gabriel, o secretário da Fazenda e o pessoal do financeiro e da contabilidade do hospital, dizendo que este tipo de movimentação, que são saques em dinheiro na boca do caixa, não deveriam ter sido praticado e que o dinheiro deveria ser colocado na conta novamente", relatou Pegoraro, por telefone.
A reunião foi encerrada com o acordo que a situação seria normalizada, regularizada e que aquele tipo de movimentação não deveria mais ser feito, conforme informou o prefeito. Entre quinta-feira da semana passada e a última segunda, Andina precisou se afastar do trabalho alegando problemas de saúde na família.
"Na terça-feira, pelo meio-dia, o Gabriel entrou em contato com o secretário para que comparecesse no hospital. O secretário me convidou e eu fui. Cheguei na sala e o Gabriel falou que esse recurso que havia sido sacado não estava mais nas dependências do hospital, onde tinha sido guardado, e que teria sido furtado", contou Pegoraro.
No balanço apresentado, a prefeitura identificou diferenças entre o saldo financeiro e o que estava lançado na contabilidade. Para Pegoraro, as movimentações estariam em desacordo em relação ao que se espera de um gestor público.
Andina nega desvio
"Afirmo que não desviei recurso de nenhuma espécie da instituição", começa a nota apresentada por Gabriel Andina na sexta-feira, divulgada para a imprensa. No comunicado, ele se disse surpreso com o decreto do afastamento. Quando constatado o desaparecimento do dinheiro, ele afirma que teria informado imediatamente a prefeitura local.
Andina também nega os problemas que estariam ocorrendo em balancetes financeiros. "O que de fato aconteceu, foi a comunicação aos representantes municipais, que foram contatados e presentes na reunião, quanto ao fato ocorrido no interior da casa de saúde."
O gestor também informa que seu advogado já fez contato com o MP-RS para se colocar à disposição para esclarecimentos. "Tenho certeza absoluta de que a Justiça irá esclarecer o fato e punirá os responsáveis", finaliza a nota.
Antes de ser administrador do HCC, Gabriel Andina foi coordenador regional da Saúde durante o governo de José Ivo Sartori (MDB).
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